sexta-feira, junho 29, 2007

Cláudio Torres: «Licenciamento em Cacela Velha pode abrir precedente muito grave»



Especialista em história da civilização islâmica considera que interesses colectivos estão em primeiro lugar. Associação de Defesa do Património lamenta falta de clareza.

Cláudio Torres, especialista em história da civilização islâmica em Portugal, considera que a construção de uma moradia nestes moldes «pode abrir um grave precedente em Portugal e no resto do país».

Para o também director do Campo Arqueológico de Mértola, a decisão do IPA afigura-se como «estranha», na medida em que considera ter havido «uma má interpretação» [dos valores do património] por parte da tutela.

«É admissível que o proprietário tenha interesses, mas é necessário estabelecer um equilíbrio entre o domínio colectivo e o privado. Em qualquer sítio histórico, o subsolo é sempre o elemento mais sagrado», considerou Cláudio Torres ao «barlavento».

Igualmente contactado pelo «barlavento», o presidente da Associação de Defesa do Património de Cacela (Adrip) João Paulo Almeida lamenta que o actual e agora único instituto que gere o património «ainda não tenha tido uma posição vinculativa sobre uma parcela do território que tem regras bem definidas».

Segundo João Almeida, o Plano Director Municipal, não autorizaria a construção de novos edifícios até à aprovação do Plano de Salvaguarda de Cacela Velha, «o que ainda não sucedeu».

Ao que o «barlavento» apurou, este plano está em vias de ser criado e definirá, de forma detalhada, quais os usos e intervenções que podem ser aplicados no núcleo histórico.

in Barlavento Online